AS VIRTUDES DOS ANTIGOS
Desde os antigos gregos, há quatro virtudes consideradas
cardeais, isto é, essenciais para que o ser humano seja feliz: a coragem, a
prudência, a temperança e a justiça, Ainda hoje, elas são valorizadas e
buscadas. Você já deve ter admirado e até procurado praticar pelo menos algumas
delas, como a coragem e a justiça.
O que você provavelmente não imagina é que, para os
filósofos e os religiosos que estudaram as quatro virtudes cardeais, uma ideia
fica bem clara: uma virtude depende da outra e é quase impossível ter uma sem
ter as outras.
A VIRTUDE DOS HERÓIS
Talvez a virtude mais valorizada em todas as culturas
seja a coragem, que os antigos também chamavam de fortaleza. Seu oposto é a
covardia, a fraqueza. Quem não admira os heróis?
Qual a sociedade que não conta histórias emocionantes a
respeito de pessoas corajosas, que lutaram, sofreram e até deram a vida pela
pátria, por uma ideia, pela família, pelos amigos?
A ideia de coragem muitas vezes está ligada a força
física, que permite vencer a guerra, um combate qualquer. Porém, mais do que
isso, a coragem é a capacidade de enfrentar perigos e desafios, de superar o medo, de suportar
dores ou perdas.
Mas a coragem não pode ser também uma coragem dos maus?
Por exemplo: assaltar um banco, agredir alguém, desrespeitar uma lei não são
atos que exigem coragem? Exatamente por isso, a virtude da coragem não deve
existir sozinha: a verdadeira coragem depende das demais virtudes.
UMA VIRTUDE DA RAZÃO
A virtude de que agora falaremos é uma das mais difíceis
de explicar, pois hoje quase ninguém fala dela e seu significado até mudou: é a
prudência. Ela não é simplesmente aquele cuidado que precisamos ter para não
sofrer um acidente ou não ser enganados por alguém. Como virtude, ter prudência
é agir com sabedoria, com discernimento entre o certo e o errado; é ter
capacidade de saber o que é o bem e o que é o mal.
Podemos, ainda, explicar a prudência como uma espécie de
senso moral, uma "bússola" da virtude, uma visão correta da
realidade. Assim, a coragem precisa da prudência para que seja uma coragem do
bem, usada para causas nobres.
UMA VIRTUDE CONTRA OS EXAGEROS
Outra virtude pouco
conhecida hoje, mas sem a qual a prudência não atua, é a chamada temperança,
moderação. É o controle das
paixões, dos desejos, moderação das necessidades: não comer nem beber demais,
não abusar dos prazeres físicos, não se tornar viciado em nada, não desejar dinheiro em excesso. Agir com
temperança não significa abandonar tudo isso, mas usar o que for necessário sem
abusar de nada.
Dessa virtude depende a prudência: como poderá alguém
enxergar o que é certo e o que é errado, se vive bêbado, se só pensa em comer
muito ou em se entregar aos prazeres do sexo? Os prazeres em excesso perturbam a mente e não lhe permitem uma visão clara da
realidade. Quem só deseja a própria satisfação não se preocupa com o bem e o
mal.
Sem a virtude da temperança, não se pode também ter
coragem verdadeira, pois só quem tem controle dos próprios desejos tem controle
sobre o medo e a dor.
A VIRTUDE DAS VIRTUDES
Uma das virtudes mais louvadas em todos os tempos e a
mais necessária para que os seres humanos convivam entre si é a justiça. Mas o
que é a justiça? Alguns dizem que ela, por si só, não existe; depende de como a
fazemos. Outros consideram que ela existe independentemente de nós, porque
está, em primeiro lugar, em Deus. Segundo esse ponto de vista, devemos buscar
em Deus, que é a suprema justiça, a inspiração do que é mais justo.
Definir a justiça não é fácil. Podemos defini-Ia como o
respeito à lei estabelecida por uma sociedade. Mas não existem leis injustas?
As leis não podem ser mudadas de uma época para outra? Não houve leis injustas
que condenaram homens justos? Basta lembrar de Sócrates e Jesus. Então a
verdadeira justiça pode até estar nas leis sociais, mas nem sempre.
Justiça também pode ser definida como o ato de dar a
alguém o que lhe é devido, ou seja, respeitar os direitos do outro: a sua
liberdade, a sua dignidade, enfim, a sua humanidade. É não
prejudicar ninguém, é não procurar vantagens para si mesmo à custa de desvantagens para o próximo. É também
o equilíbrio e o respeito à igualdade entre as pessoas.
Não é difícil ver como a justiça se relaciona com as
outras virtudes. Precisamos de: prudência para enxergar o justo e o injusto,
temperança para não deixar desviar nosso julgamento pelos nossos desejos
pessoais; por fim, muitas vezes precisamos de coragem para praticar a justiça e
defendê-Ia.
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