INTERCULTURALIDADE: POSSIBILIDADES E DESAFIOS
Se observarmos, todos os seres humanos possuem qualidades específicas, as quais foram estimuladas e desenvolvidas desde a infância. Pois bem, para entendermos neste primeiro momento o que vem a ser interculturaldade, partiremos de uma ideia desenvolvida por Fornet-Betancourt (2001).
Para ele, a interculturalidade é uma "qualidade" em que todas as pessoas e culturas poderão obter a partir das relações que estabelecem no cotidiano com a sua e com outras culturas.
Esta relação se caracteriza por ser envolvente e não superficial; por ser transparente e não fundada em segundas intenções; por ser dialogante e não monóloga. A interculturalidade pressupõe abertura constante ao outro que se apresenta sempre diferente, dinâmico e em constante transformação. O prefixo "inter" expressa uma interação positiva que, na prática, visa superar as barreiras entre povos, comunidades
étnicas e grupos humanos (SALASASTRAIN, 2003).
Para Costa (2010, p. 142), a interculturalidade "supõe uma inter-ação, como um colocar-se no lugar do outro para, a partir daí, buscar entendê-lo e estabelecer as bases para o diálogo e a convivência. Não se trata de passiva convivência".
Já para Candau (2011), a interculturalidade encaminha processos que têm no reconhecimento do direito à diversidade e nas lutas contra todas as formas de discriminação e desigualdade, sua base fundamental. É uma perspectiva que exige uma ação constante, pois está sempre inacabada. Para que haja interculturalidade de fato, é, necessário que decididamente se promova relações dialógicas democráticas entre as culturas e os diferentes grupos para ir além da coexistência pacífica em um mesmo território.
Significa dizer que é necessário construir modos de vida em que todos se sintam parte, integrados e emancipados, respeitadas e (re)conhecidas as singularidades de cada indivíduo e cada grupo ou cultura.
A relação na perspectiva intercultural desperta nos seres humanos e nas culturas uma corresponsabilidade. Mas, o que esta corresponsabilidade vem a ser?
A corresponsabilidade, na perspectiva intercultural, traz na sua base a dimensão ética, o cuidado e proteção da vida em todas as circunstâncias. É o que possibilita o diálogo, a superação de conflitos e o entendimento respeitoso. Para tanto, a interculturalidade requer outros olhares, mudanças nas formas relações consigo mesmo, com o Outro e com o mundo.
É fundamental identificar como se estabelecem as relações entre os seres humanos e as culturas entre si. Isso implica perceber as motivações, valores e interesses que perpassam e definem os modelos de relações.
Na perspectiva intercultural, o princípio da igualdade de direito é central. Este princípio, por sua vez exige o desenvolvimento de uma postura ou disposição para aprender sempre. Especificamente, aprender a ler e a interpretar o mundo a partir do olhar de várias culturas (FORNET-BETANCOURT, 2004). Esta exigência abrange todas as esferas sociais: política, econômica, educacional, cultural, religiosa ... Mas como seria no campo religioso?
Primeiramente, faz-se necessário entender que não se trata de renunciar às crenças religiosas, nem aderir a várias Religiões ao mesmo tempo. Também não diz respeito apenas aos que pertencem a uma Religião ou estão a participar de várias Religiões.
Antes de ser uma ameaça, é um enriquecimento significativo a proposição de interrelações tanto
entre os membros das mais diversas Tradições Religiosas como até com os que não integram nenhuma
confessionalidade.
Porque esta proposta encontra-se fundada no respeito e numa convivência que visa superar continuamente todas as formas de discriminação, exclusão e desigualdades, ocasionadas até mesmo por escrúpulos de cunho religioso. Neste sentido, as Tradições Religiosas podem cultivar um espírito de abertura para:
• acolher a diversidade cultural religiosa como uma riqueza da humanidade.
• contribuir na superação dos problemas que geram todo tipo de sofrimento, desigualdade e exclusão.
• manter a fidelidade aos princípios básicos que regem a relação do ser humano com o outro na busca-pela
paz.
• não se fechar às próprias verdades como únicas.
• não reproduzir preconceitos relacionados a pessoas de outras Religiões e as que optam não ter Religião.
Há várias iniciativas no campo religioso que visam promover uma interação positiva entre as Religiões, são caracterizadas também como diálogo lnter-religioso. A instituição do Parlamento Mundial das Religiões é um desses exemplos. Por ocasião do seu centenário, em 1993, o referido Parlamento definiu alguns princípios norteadores de interculturalidade:
• uma ética mundial que oriente as transformações necessárias.
• que esta ética possibilite a todo ser humano um tratamento digno.
• respeito a todo ser vivo como parte de uma cultura da não violência.
• uma organização econômica justa pautada nos ideais de solidariedade.
• criar uma cultura de tolerância e de igualdade de direitos entre homem e mulher.
Consta que o último encontro ocorreu em 2009, na cidade australiana Melbourne, cuja discussão girou em torno da consciência ambiental e o aquecimento global, com ênfase no diálogo entre as Religiões.
Outra organização é a Conferência Mundial das Religiões pela Paz, criada em Kioto, no Japão em 1970, cujo objetivo era promover a paz, lutar pelo desarmamento, combater toda forma de discriminação, suprimir ações de colonialismo em defesa dos direitos humanos.
No Brasil, uma organização que vem crescendo é a Iniciativa das Religiões Unidas (URI), fundada no ano de 2000 na Califórnia/EUA e presente em 167 países. A URI se caracteriza como uma rede mundial que se dedica à promoção permanente da cooperação interreligiosa. Seu objetivo é eliminar toda forma de violência por motivos religiosos, promover cultura de paz e resgatar a relação de respeito com a terra e os seres vivos.
Organizações desta natureza indicam de que é possível pessoas de todas as Tradições Religiosas desenvolverem aquilo que Ihes é mais sagrado: o respeito à vida e à dignidade humana, independentemente
de origem étnica, cultural ou religiosa.
APOS A LEITURA FAÇA AS ATIVIDADES EM SEU CADERNO.
Obrigada porque teu texto me ajudou desenvolver um trabalho com turmas de 8ºAno , onde leciono. E você bem saba da dificuldade em temos em encontrar material.
ResponderExcluirProfª. Eliete Maria
Uma explicacão
ResponderExcluirA resposta eu quero
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